sexta-feira, 17 de junho de 2011

A Sindrome da Caverna



Introdução:
Elias, de um modo geral, foi um homem muito sadio. Mas houve uma época em sua vida em que ele contraiu uma doença. (DEPRESSÃO)
Graças a Deus ele veio a ficar curado. O contexto aqui envolvido começa no capítulo 18 de 1 Reis. Houve uma enorme seca, três anos e meio sem nenhuma chuva e nenhum orvalho. Depois disto Elias desafiou todos os profetas de Baal. E no desafio do monte Carmelo Elias matou todos os falsos profetas. 
Depois da oração de Elias no monte, a chuva veio. Contudo, quando alguém é muito usado por Deus, o diabo não se conforma com isto e contra-ataca. Em 1 Reis 19.1,2, o rei Acabe conta para a rainha Jezabel tudo quando Elias havia feito, e esta promete dar fim à vida de Elias tal como ele fizera a seus profetas. Elias talvez esperasse arrependimento da parte de Acabe e Jezabel. Talvez esperasse honras e reconhecimento no palácio real. Talvez esperasse a restauração da teocracia, que é o governo de Deus. Contudo nada disto aconteceu.
Alguém já disse que mordida de ovelha dói mais que mordida de lobo. Quando o lobo mau (o próprio diabo) lhe morde, você sabe que é o diabo, mas quando é uma ovelha por quem você deu a vida, e você fica sabendo que ela o está apunhalando pelas costas...
Alguém disse corretamente que o bom pastor dá a vida pelas ovelhas mesmo quando elas o mordem. Mas tem uma coisa que dói mais ainda do que a mordida de uma ovelha: é a mordida de outro pastor!
A mordida de outro pastor dói muito, especialmente se ele é um co-pastor, um pastor auxiliar, um pastor a quem você ama muito, respeita, ou um pastor em quem você investiu para se tornar um grande líder, talvez até mesmo seu sucessor. 

Sintomas da síndrome da caverna
• Prostração: Mesmo tão usado por Deus, quando aquela mulher proferiu as ameaças, Elias se desmontou. Foi uma reação carnal da parte dele. “Temendo, pois, Elias, levantou-se e para salvar sua vida se foi e chegou a Berseba, que pertence a Judá, e ali deixou o seu moço. Ele mesmo, porém, se foi ao deserto, caminho de um dia, e veio,, e se assentou debaixo de um zimbro e pediu para si a morte e disse: Basta, toma agora, ó Senhor, a minha alma, pois não sou melhor do que meus pais” (1 Reis 19.3,4). Sua reação era como quem diz: “eu não presto pra nada mesmo”.
• Medo e condenação: Apesar de não ter cometido nenhum pecado horrível, Elias começou a se sentir muito condenado. Pessoas que sofrem da síndrome da caverna têm esse problema. Pode ser algum grande trauma ministerial, uma grande decepção. Consequentemente, ele se sente inadequado, incapaz, impróprio para a função. Mesmo depois de Deus ter falado com ele e o alimentado, e depois de ter caminhado firme por quarenta dias, Elias foi “se prostrar” dentro de uma caverna, no monte Horebe. 
• Baixa autoestima e senso de derrota: Depois da ameaça, Elias fugiu, por isso sentiu-se pior ainda, um covarde. Pior do que Jezabel fez, foi o fato dele mesmo perceber a sua carnalidade. Daí veio a lamentação: “Eu não sou nada! Eu não sou melhor do que meus pais. É melhor que eu morra!”. O diabo usa este expediente com muita gente. Quando o sujeito está bem encolhido dentro da sua caverna, ele começa a dizer: “É, você não é nada mesmo. Você nunca vai ser muito usado por Deus. Você estava pensando que era alguma coisa, falando que sua igreja ia crescer, querendo alugar um prédio grande. Quem você acha que é? Volte para o seu cantinho...” Foi o que Elias tentou fazer. 
• Auto justificação e autocomiseração: O sujeito pode começar a sentir-se o único justo incompreendido. Junto com isto, ele começa a sentir pena de si mesmo, o bom menino ignorado e desvalorizado. Aí ele tenta provar o seu valor. Os versículos 9 e 10 dizem o seguinte: “Ali entrou numa caverna, onde passou a noite; e eis que lhe veio a palavra do Senhor, e lhe disse: Que fazes aqui, Elias? Ele respondeu: Tenho sido zeloso pelo Senhor, Deus dos exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derribaram os teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e procuram tirar-me a vida”. O erro dos outros e a nossa justiça, aparentemente sem reconhecimento e sem recompensa, não podem ser uma desculpa para que nos isolemos em nossa caverna. É como se estivéssemos dizendo para Deus: “Olha, Senhor, eu tenho feito tudo certo. Os outros estão todos errados. O Brasil está cheio de pastores adúlteros. Eu vou ficar aqui no meu cantinho, só fazendo a minha parte. Não vou sair da minha caverninha”. Mesmo que fosse assim, Deus precisaria muito da sua integridade. 
• Relutância: Mesmo quando Deus fala, chama o indivíduo para fora de sua falsa zona de conforto, ele ainda dá passos titubeantes em direção a Deus, ao seu chamado, à sua cura. O versículo 13 diz que Elias se colocou à entrada da caverna. Como se estivesse numa direção segura para correr de volta a sua toca, como fazem os coelhos e outros roedores semelhantes. Deus não quer Elias, nem nós, no fundo ou na entrada da caverna. Ele nos quer fora, correndo riscos, mas enfrentando-os com coragem e determinação. Se você está andando em santidade e agradando a Deus, pouco importa o que os outros vão falar. 

PASSOS ENVOLVIDOS NA CURA DA SÍNDROME DA CAVERNA
• Levantar-se: No primeiro momento, Elias estava prostrado debaixo do zimbro. Depois foi prostrar-se no fundo da caverna. Na primeira vez Deus disse: “Levanta-te e come” (v.6). Na segunda vez Deus perguntou: “Que fazes aqui, Elias?” (v.9). É o mesmo que dizer: Meu filho, você já tem idade e experiência suficientes para não precisar fazer mais este joguinho... Quando Deus mandou que Elias saísse da caverna e se colocasse naquele monte perante o Senhor (v. 11), a idéia era a de que ele deveria ficar “em pé” fora da caverna. Muitas vezes, na Bíblia, Deus manda que os homens fiquem de pé para que Ele lhes fale. O mesmo vale para nós. Não importa o que tenha acontecido, devemos nos equilibrar e ficar firmes diante do Senhor. 
• Coragem e senso de perdão: Não fique sequer perto da caverna. Tenha coragem, seja destemido. Saia da sua zona de conforto. Fuja da caverna e comece a fazer grandes coisas para o reino de Deus. Romanos 8.1 diz que nenhuma condenação pode se abater sobre aqueles que estão em Cristo Jesus. Logo, não será nenhuma Jezabel que vai intimidar os profetas do Senhor. Você pode contar com esta justificação divina, com a garantia da presença do Espírito Santo.
• Afirmação e auto-imagem conforme a ótica de Deus: Elias não tinha noção do valor e da importância que o seu ministério tinha para todo o Israel e Judá, e até mesmo para as gerações futuras. Elias tinha muito trabalho e muita história pela frente. Deveria ungir dois reis, um na Síria (v.15) e outro em Israel (v. 16). Deveria também ungir e treinar um profeta para lhe suceder (v. 16): Eliseu. Elias deveria saber que ele não estava só; havia sete mil outros justos na terra (v.18), os quais poderiam servir como consolo e companhia para o profeta solitário. Ele nem imaginava que receberia várias menções honrosas na galeria dos heróis da fé de Hebreus 11, assim como elogios diretos na carta de Tiago (Tg 5.17,18). Elias foi o modelo, o protótipo de ministério no qual o próprio Deus espelhou o ministério de João Batista, preparando o caminho para a atuação do Messias aqui na terra. Mas a maior honra de todas aconteceu por ocasião da transfiguração de Jesus, no monte, quando Elias foi escolhido para representar todos os profetas do Antigo Testamento, juntamente com Moisés (Mt 17.3). Que grande privilégio poder retornar para um encontro memorável com o Desejado de todas as nações e de todos os tempos! Valeu a pena sair da caverna!
• Ousadia e destemor: Comece a ser usado poderosamente. Se você está andando em santidade, debaixo de cobertura, e se está tudo bem com Deus e sua família, o que você está fazendo perto de uma caverna? Deus quer os Seus Elias fora da caverna. Deus os quer matando os profetas de Baal. Deus precisa deles para trazer chuva em abundância, para trazer o fogo sobre o altar. Os Elias de Deus não podem ficar escondidos na caverna nem oscilantes na entrada. 
O pastor David Yonggi Cho, líder da maior igreja do mundo, em Seul, na Coréia do Sul, disse que quando lhe perguntaram pelos seus dons, ele diz não saber quais, pois são todos do Espírito Santo. Ele responde que tem o Espírito Santo. Mas ele acha que se tiver um dom, este é o dom da coragem. E nós? 
CONCLUSÕES
Oséias 4.6 diz: “O meu povo está sendo destruído porque lhe falta o conhecimento”. Existe uma grande anomalia no corpo de Cristo hoje: líderes que não deveriam ter coragem estão tendo coragem, metendo a cara e fazendo “grandes” coisas. Por outro lado, os líderes que deveriam ter coragem, os líderes cheios de integridade, santidade e temor de Deus, dos quais o Brasil tanto precisa, estão muitas vezes se escondendo na caverna. Os “sansões” que não se arrependem, infelizmente, vão ter que voltar para Gaza, mas os “Elias” vão sair das cavernas em nome de Jesus. Devemos deixar toda a caverna para trás e cuidar muito bem da motivação do nosso coração para não sermos acometidos da “síndrome de Sansão”. Para tanto, deveremos andar debaixo de cobertura espiritual, sendo transparentes e bem acompanhados. “Porque Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação” (2 Tm 1.7). 
“Fogem os perversos sem que ninguém os persiga, mas o justo é intrépido com o leão” (Pv 28.1). Viajando pelo Brasil eu encontro muitos pastores santos, consagrados, íntegros. No entanto, muitos deles estão se escondendo em cavernas. Seu potencial pleno não está sendo aproveitado, porque são tímidos, prostrados, relutantes. Para estes Deus está falando: “Sai da caverna”.
Eu creio piamente que as maiores igrejas ainda serão edificadas no Brasil. Os maiores grupos apostólicos ainda vão se levantar no Brasil. As maiores igrejas com cem mil, duzentos mil membros serão vistas se levantando no Brasil para a glória de Jesus!



Pr. Márcio Gerdan

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